terça-feira, novembro 30, 2010

A Grande Fraude da Lua de 1835



Sir William Herschel (1738-1822) foi um astrônomo de primeira linha. Ele e sua irmã Caroline catalogaram agrupamentos de estrelas nebulosas, descobriram novos satélites de Saturno e também o planeta Urano.

Mas Herschel era propenso a especular além dos fatos, e estava convencido por um argumento incerto de analogia de que todas as estrelas e planetas têm vida inteligente. Em suas próprias palavras, "eles são bem providos com habitantes." Ele foi tão longe até mesmo para concluir que nosso sol é habitado, que a superfície quente que nós observamos é apenas um envoltório fino ao redor de uma superfície mais fria dentro da qual a vida poderia existir.

Herschel permaneceu convencido da existência de seus "homens solares" até sua morte em 1822.

O filho de William Herschel, John, também se tornou um astrônomo respeitado. Pelo ano 1835 John estava em Feldhausen, África do Sul, onde ele construiu um telescópio para tirar proveito do ar mais claro por lá e ver porções do céu do sul não visíveis a latitudes mais ao norte.

Nesse ano o jornal New York Sun publicou, em formato de novela com capitulos, uma suposta reimpressão dos relatos das descobertas de John Herschel na África do Sul. Os artigos citaram como sua fonte o Edinburgh Journal of Science, que na realidade havia sido extinto há alguns anos.

Os artigos causaram uma sensação, porque eles contavam sobre a descoberta de Herschel de vida na lua. Eles descreveram em detalhes a invenção dele de um sistema especial que magnificava tão grandemente que uma pessoa poderia observar a superfície da lua como se estivesse de pé sobre ela. (Não foram mencionadas considerações negativas como limites de resolução e turbulência atmosférica.)

À medida que os capítulos se desenvolveram, este telescópio maravilhoso observou as crateras da lua, cristais de ametista com 90 pés de altura, rios, vegetação e animais, antílopes, cabras, cegonhas, pelicanos, bisões com tapadeiras de olhos feitas de pele para proteger seus olhos do sol e castores sem cauda.

Finalmente, as séries revelaram a descoberta de homens da lua [selenitas]. Eles eram homens e mulheres peludos e alados, lembrando morcegos, e podiam voar. Herschel foi citado, descrevendo estas criaturas em detalhe.

Esta foi uma das mais famosas fraudes de jornal na história. Enganou até mesmo alguns cientistas. Dois cientistas de Yale não puderam achar os artigos originais do Edinburgh Journal na biblioteca de Yale. Assim eles viajaram para Nova Iorque para obtê-los do escritório do jornal. Disseram a eles que os artigos estavam na impressão. Um funcionário do jornal tomou outro caminho para o setor de impressão e contou para o responsável para onde enviá-los em seguida. Eles foram levados a andar em círculos o dia inteiro, e voltaram para Yale desapontados e sem saber nada além do que já sabiam.

John Herschel, ainda na África do Sul, finalmente ouviu falar por carta da fraude, e achou-a divertida, dizendo, "É uma pena que minhas reais descobertas aqui não sejam tão excitantes."

Mas depois de um tempo ele começou a reclamar, "Eu fui importunado de todos os cantos com aquela fraude ridícula sobre a Lua -- em inglês, francês, italiano e alemão!"

Esta fraude enganou tantas pessoas que é fácil perder de vista seu objetivo original. Toda a história foi escrita por Richard Adams Locke, editor agressivo do Sun, que era então um novo jornal diário de quatro páginas vendido por um centavo. O alvo de sua sátira era o Dr. Thomas Dick, escritor de livros científicos populares. Dick tinha um estilo que combinava algum fato científico com especulação fantástica, teoria selvagem e pregação moral. Os livros de Dick sobre a lua assumiam, sem prova, que a lua era habitada, e seguia para discutir como nós poderíamos enviar sinais e nos comunicar com esses habitantes. O físico-matemático Gauss fez propostas semelhantes.

Locke estava satirizando tal teorização pomposa e escrita extravagante. Ele se saiu bem demais, e teve que admitir a amigos que nunca imaginou quantas pessoas cairiam na fraude, e disse que era "o homem o mais bem auto-forjado" na comunidade.

O nome Gotham, um apelido para a cidade de Nova Iorque, deriva do nome de uma mítica "terra de tolos". A cidade de Nova Iorque tinha uma reputação no século 19 de ser um lugar onde idiotas estavam prontos para ser enganados. Desde então esta tradição de credulidade se espalhou por todos os EUA, e está centrada agora em algum lugar na Califórnia.

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Para saber mais sobre a Fraude da Lua veja:

- Alexander Boese's Museum of Hoaxes.
- The Moon Hoax of the New York Sun.

A primeira referência também tem o texto completo dos artigos do jornal.

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