segunda-feira, maio 19, 2008

O gênio não acreditava em Deus


Descobriu-se uma carta atualíssima assinada por Albert Einstein. Enviado a um amigo filósofo, o texto foi escrito em 1954, um ano antes da morte de Einsten.

Considerando um dos gênios da história da humanidade, Albert Einstein sempre foi lembrado em função de uma de suas frases mais conhecidas, “a ciência sem religião é manca, a religião sem ciência é cega”.
O próprio Einstein cuidou de esclarecer diversas vezes que não acreditava num Deus “pessoal” e que não entendia religião como a maioria das pessoas entende. Não adiantou. Essa frase sempre foi usada por quem pretendia subordinar a pesquisa científica a valores religiosos, como acontece agora, quando a Igreja se mobiliza de todas as formas para tentar proibir pesquisas sobre células tronco.


Em 1954, numa carta de próprio punho, Einstein decide passar suas idéias a limpo. Judeu, ele fala da idéia de Deus, em geral e também trata de sua religião de forma específica. Também discute aquela noção, inspirada na Bíblia, segundo a qual os judeus seriam um povo ‘eleito’ por Deus. Ele afirma:


a)“A palavra Deus é para mim nada mais do que expressão e produto de fraqueza humana...


b) “Para mim, a religião judaica, como todas as outras religiões, é uma encarnação das superstições mais infantis”


c) “O povo judeu, ao qual pertenço com gratidão e com cuja mentalidade tenho profunda afinidade, para mim não difere em qualidade de outros povos. Pela minha experiência, eles não são melhores do que outros grupos humanos, apesar de serem protegidos dos piores cânceres por lhes faltar poder. Tirando isso, não consigo ver nada de ‘escolhido’ sobre eles.”


São palavras de quem é capaz de exibir uma inteligência superior mesmo fora da física. Sem rejeitar as origens, Einstein coloca-se como humano.
Escrita numa década em que se debatiam os horrores do holocausto da Segunda Guerra Mundial, a frase em que ele diz que os judeus foram “protegidos dos piores cânceres por lhes faltar poder” pode ser considerada profética diante da opressão a que o Estado de Israel mantém o povo palestino.


Mas o assunto da carta é Deus.


E só cobre com um pouco mais de vergonha quem se recorda das manobras do ministro Carlos Alberto Direito para bloquear a votação no Supremo Tribunal Federal sobre células-tronco. Concorda?

Um comentário:

LC disse...

Como e refere a Einstein, deve também saber como a sua imagem foi usada de uma forma abusiva, causando-lhe um grande desgosto no fim da sua vida. A existência de Deus, para nós Cristãos, está ligado à razão, ou seja, ao logos que se fez carne, que se mostrou aos nossos olhos, e que nos concedeu a liberdade. Essa liberdade está ligada a uma liberdade em que o acolhimento do homem enquanto irmão faz o sentido da vida. A liberdade está muitas vezes no retorno a casa do Pai do que na sua fuga, porque ao fugirmos de Deus fugimos de nós mesmos. No entanto esta liberdade nem sempre é assim vista e utilizada. A Igreja Católica é também constituida por homens como tal não está desprovida do erro. O desenvolvimento científico em nada põe em causa o pensamento religioso, antes pelo o contrário, se estamos ao lado do logos como negar o progresso científico? Aquilo que a Igreja alerta é para o facto de o conhecimento ter de estar sempre com uma ligação directa ao homem, ao seu bem estar enquanto ser humano. Se o progresso da ciência vai por outros caminhos aí temos de ter a coragem de alertarmos, e aí a Igreja não tem só o dever, mas a obrigação de se prenunciar, e também mal seria se não tivessemos a possibidade de darmos a nossa opinião, afinal isso não é liberdade?! O bem não é exclusivo dos crentes, o bem está ao alcance de todos, e se todos pararem para pensar sabemos bem onde está o bem e o mal. Hoje em dia é que se fez uma inversão de pontos de vista, considerando-os como verdades absolutas, hoje o imperativo insere-se no hedonismo, e isso é preocupante. O olhar só para mim, para o meu bem estar pessoal, não olhando para o lado tem levado para situação onde estamos hoje. Ou será que acha sinceramente que estamos no caminho certo?
O caminho está no progresso olhando para todos como irmãos, o communio é a essência e o ponto de equilíbrio para todos nós. Foi afinal para isso que Deus se fez homem...