segunda-feira, junho 22, 2009

Em busca das origens do universo



Por Pedro C. Martín / EFE


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Dois novos satélites foram lançados ao espaço com uma das missões mais ambiciosas da história: estudar a formação de estrelas e galáxias e seguir o rastro deixado pelo Big Bang, a grande explosão que deu início ao universo.

Da base de Kuru, na Guiana francesa, um foguete "Ariane" da Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês) lançou ao espaço em 14 de maio os satélites científicos "Herschel" e "Planck", uma das apostas mais ambiciosas de todos os tempos.

Os novos instrumentos analisarão fenômenos a uma distância de 1,5 milhão de quilômetros da Terra. A expectativa é tamanha que a ESA chegou a falar "nas duas peças de tecnologia mais formosas já construídas na Europa".

O "Herschel", de 7 metros de altura e 4,3 de largura, é na realidade o maior telescópio de raios infravermelhos já lançado, e dispõe de um espelho primário de 3,5 metros de diâmetro, superior ao famoso do "Hubble".

Tamanhas dimensões tornavam impossível sua concepção em vidro, o que levou os cientistas a pedirem ajuda a um ceramista para construí-lo em carboneto de silício.

Com custo estimado em US$ 1,4 bilhão, o telescópio, que leva o nome do astrônomo alemão William Herschel, receberá radiações infravermelhas de grande amplitude de onda emitidas por alguns dos objetos mais frios e distantes do universo, onde existem estrelas e galáxias ainda em formação.

Ou seja, o "Herschel" servirá aos cientistas para observar algo como a adolescência do universo, cinco mil anos depois do Big Bang, momento em que surgiram as primeiras estrelas.

ORIGENS DO UNIVERSO
E buscando a gênese do universo, será dirigido o telescópio "Plank", que analisará as radiações fósseis do Big Bang, ou seja, rastros que flutuam no espaço após a grande explosão que deu origem ao universo, há mais de 13 bilhões de anos.

O satélite, que pesa 1,9 mil quilos e custou US$ 817 milhões, possui equipamentos de potência extraordinária, capazes, como conta a ESA, de perceber da Terra o calor que um coelho emitiria na Lua.

Para não perturbar e alterar os equipamentos de captação, o telescópio possui um inovador sistema de refrigeração à base de hélio superfluido que o aproxima do zero absoluto da temperatura, 273 graus centígrados negativos.

Graças a esse instrumento, o "Planck" terá como missão adentrar no período opaco do universo, a etapa em que a luz ainda não tinha sido criada, além dos 380 mil anos depois do Big Bang.

Até agora, só os telescópios "Cobe" e "WMAP", ambos da Nasa (agência espacial americana), tinham conseguido penetrar nesse ponto escuro da formação do universo.

Os instrumentos do "Planck" são 30 vezes mais sensíveis que o do "WMAP", lançado em 2001, e mil vezes maior que o do "Cobe", em órbita desde 1989.

Os cientistas consideram que o "Planck" poderá cartografar em um dia o que, para seus antecessores, demoraria 400 anos.

Em Terra, a comunidade científica aguarda ansiosa os dois meses necessários para que esses novos telescópios entrem na órbita exata, de onde poderão enviar dados e entender como e por que o universo se formou.

Essa é uma das grandes incógnitas para a comunidade científica, já que, se tudo se originou por causa do Big Bang, o que havia antes disso e por que o universo segue se expandindo?

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