sábado, junho 16, 2012

Um de meus poemas, porque hojé é sábado

 O castelo
(Marcos Henrique Martins)


Degraus e mais degraus separam, solidão e anseios
Torres que tocam o umbigo do céu, altura, vertigem, meus devaneios
Donzelas escassas, bruxas entediadas, reis loucos, rainhas que fingem sorrir, cavaleiros com suas espadas enferrujadas.

De que são feitos os castelos, se não de sonhos e ambições em ruínas
Kafka nunca encontrou a porta dos fundos do seu, entrou e perdeu-se em si.
Quero construir um castelo sem fosso, sem monstros para proteger a ponte levadiça. Não consigo. Tenho monstros dentro de mim.

Paredes sujas, nobres que comem com as mãos, soldados com olhares distantes e perdidos, traições, assassinatos e magos que não sabem transformar metal em ouro. Essas são as verdades ocultas nos castelos. Verdades que os nobres tentam esconder.

Tudo é um jogo. Quem morre, quem pode nascer; quem sobe ao trono, quem pelas mãos do rei deve viver. Os calabouços estão cheios, o povo geme de fome, com dores de parto enquanto a realeza vai fazendo seus bacanais homéricos, sorrindo incestuosamente, mas com inveja de quem vive fora das muralhas, pois esses são livres, que corações encarcerados nunca poderão tocar.

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