segunda-feira, abril 14, 2008

Célula-tronco


As células-tronco, também conhecidas como células-mãe ou células estaminais, são células que possuem a melhor capacidade de se dividir dando origem a células semelhantes às progenitoras.

As células-tronco dos embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num processo também conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e sangue.

Devido a essa característica, as células-tronco são importantes, principalmente na aplicação terapêutica, sendo potencialmente úteis em terapias de combate a doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, diabetes tipo-1, acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, traumas na medula espinhal e nefropatias.

O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos danificados por essas doenças e traumas. São encontradas em células embrionárias e em vários locais do corpo, como no cordão umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico. Nesse último local, conforme descoberta de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Wake Forest, no estado norte-americano da Carolina do Norte, noticiada pela imprensa mundial nos primeiros dias de 2007.

Nos últimos meses, realizaram-se várias experiências que confirmam as possibilidades terapêuticas das células-tronco. Entre os trabalhos mais recentes cabe destacar alguns que reúnem duas características interessantes: não utilizar embriões e extrair células-tronco de tecidos facilmente acessíveis.

Na Inglaterra, houve sucesso no tratamento de uma doença com células-tronco da placenta, segundo o The Daily Telegraph de 18 de setembro. O paciente, uma criança de 3 anos, nasceu com granulomatose crônica, um mal congênito do sangue que provoca doenças graves, como inflamação intestinal e pneumonia, e reduz a esperança de vida para 20 anos. A solução óbvia era um transplante de medula óssea, mas Tom, primeiro filho de seus pais, não tinha doadores compatíveis (deveria ser um irmão). Como a mãe é portadora do mesmo distúrbio, havia o risco de que os filhos seguintes apresentassem o mesmo problema. Mas com Hannah foi diferente: ela nasceu em novembro do ano passado e era sadia, além de geneticamente compatível. Mas ela não poderia doar a medula para o irmão até que se passassem alguns anos.

Os médicos do Hospital Geral Tyne, de Newcastle, tiveram outra idéia. Quando Hannah nasceu, eles extraíram células-tronco da placenta que, implantadas no organismo de Tom, se diferenciaram e começaram a substituir as células defeituosas. O médico Andrew Cant, diretor da unidade que cuidou do menino, afirma: “É maravilhoso ver como o garoto se recupera e suas bochechas vão ficando coradas. Este tratamento salvou sua vida.”

Houve mais avanços também no campo experimental. No último congresso da Sociedade Européia de Cardiologia (em setembro, em Estocolmo), foram apresentados trabalhos que provam a possibilidade de regenerar o tecido cardíaco a partir de células-tronco tiradas da medula óssea. A limitação destas experiências, até agora, é que foram realizadas apenas em ratos. Assim, será preciso esperar até que se consiga o mesmo com células humanas. De qualquer forma, é um resultado promissor, pois as células-tronco usadas, uma vez conseguidas em laboratório, foram injetadas nos animais e se deslocaram para a parte lesionada do coração, favorecendo a reconstrução do órgão.

Não menos interessante é uma experiência levada a cabo também em ratos por uma equipe da Universidade McGill de Montreal (Canadá), que conseguiu células de diversos tecidos (venoso, muscular, adiposo) a partir de células-tronco da pele, muito fáceis de conseguir. Publicado na Nature Cell Biology de setembro, este trabalho abre novas possibilidades de aplicação clínica. Com efeito, se os mesmos resultados forem observados em humanos, haveria uma fonte muito acessível de células para regenerar tecidos e, como as células seriam do mesmo paciente, não haveria os problemas de rejeição tão comuns em transplantes.

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