Dívidas do passado
(Marcos Henrique)
Pedro tenha 10 anos e um sonho, queria ganhar uma bicicleta, porém, seus pais não tinham condições de dar esse presente ao garoto. O pai de Pedro estava sem emprego, sua mãe trabalhava como costureira, seu salário estava todo comprometido com as responsabilidades da casa.
Pedro era um bom filho, obediente, respeitava os mais velhos, estudioso, sempre dizia a sua mãe que um dia iria se tornar astronauta, a mãe ria com o sonho do garoto, impossível em seu pensamento de se realizar, sua mãe coçava sua cabeça e dizia – se você se esforça e estudar muito, claro que vai conseguir meu filho – Pedro tinha esse sonho, mas o mais urgente era o sonho de ganhar uma bicicleta que vira em uma loja, ele iria completar 11 anos e ter uma bicicleta para poder ir ao colégio e passear com seus amigos seria o máximo para o garoto.
Pequenos bilhetinhos eram deixados em cantos estratégicos da casa, sua mãe fica sempre com os olhos marejados quando os lia, seu pai não dizia uma só palavra ficava apenas sentado numa poltrona que fora de seu pai, era uma poltrona muito velha, de cor verde, com a costura já gasta, no entanto, o pai de Pedro adorava ficar naquela poltrona velha sentado horas a fio, dizia que ali conseguia colocar as ideias no lugar, pois o cheiro da poltrona remetia a sua infância, época de fartura. Seu pai era um homem de posses que perdeu tudo devido a seu vício no jogo e foi dessa forma que o pai de Pedro veio para a cidade grande, fugido, junto com sua família devido as dividas do pai. Ou ganhavam a estrada e deixavam tudo para trás, ou seu pai morreria, devido às dividas contraídas pela a jogatina.
Pedro ainda sonhava com sua bicicleta, depois de conseguir a bicicleta, virar astronauta seria muito mais fácil, assim pensa o garoto com toda sua inocência, toda noite ele rezava e como seu aniversário era no mês de dezembro reforçava suas orações, pedido a Papai Noel que desse uma ajudinha.
Os dias se passaram e os pais de Pedro não conseguiam a tão falada bicicleta. Era noite faltavam apenas algumas horas para Pedro completar 11 anos, ele nascera às 03h47 da madrugada, o relógio marcava 24h50 da madrugada, Pedro dormia no silêncio da madrugada quando de repente uma luz se formou em seu quarto, sua cama tremeu e seu corpo estremeceu. Pedro acordou meio sonolento e ouviu uma voz doce a chamá-lo.
- Pedro, Pedro! Não tenha medo, não vou te machucar – dizia a voz.
- Quem está ai? Não é o Papai Noel, nem o menino Jesus? – disse o menino – quem é você?
- Sou a fada dos dentes e quero te presentear – dizia a voz doce sem revelar sua forma.
- Foi Papai Noel ou o menino Jesus que te mandou até aqui? – Perguntou Pedro em sua inocência de menino.
- Não, não foram eles, mas sei tudo o que se passa com você – continuou a voz – Sei o que você mais deseja nesse mundo e posso te dar...
- Pode...?! – falou o garoto excitado sentando-se na cama, pois a ânsia de ganhar sua bicicleta era maior que qualquer medo do escuro ou do sobrenatural, mas o que seria sobrenatural para um garoto que acreditava em Papai Noel?
- Você deseja uma bicicleta, não é verdade?
- É sim! É Sim! Você pode me dar? – fala Pedro quase em pé na cama.
- Calma Pedro, não queremos que seus pais acordem não é verdade? – fala a fada se revelando para o garoto.
- Você é linda dona fada dos dentes – fala o garoto embriagado com a beleza da fada.
- Obrigada Pedro, você também é um belo garoto e sei que é muito educado e estudioso – continua a fada – por isso vim até aqui para te conceder esse desejo, pois apenas faço isso para garotos bons iguais a você.
- Então quando poderei ganhar minha bicicleta? – pergunta o garoto já de pé na cama.
- Calma Pedro, as coisas não funcionam bem assim – responde a fada com um brilho em seus olhos – Sou uma fada dos dentes, então preciso de dentes para poder conceder desejos e o seu é muito difícil por isso precisarei de...
Pedro olha e escuta atendo, o mundo poderia estar acabando fora de seu quarto que o garoto não ouviria nada, apenas a voz da fada.
- ... Preciso de todos os seus dentes.
Pedro põe as mãos na boca e fica um pouco assustado – todos os meus dentes? – pergunta o garoto.
- Sim – continua a fada – Porém não fique preocupado, não os quero agora, só daqui a dez anos.
- Dez anos? – pergunta Pedro abrindo apenas uma brecha entre as mãos para poder falar e logo volta a cobrir sua boca.
- Em dez anos você poderá me dar seus dentes, e como já será um homem, “um astronauta”, poderá comprar novos dentes – a fada continua tentando persuadir o menino – seu pai não tem dentes que mandou fazer?
- Tem sim – responde Pedro.
- Então você pode fazer o mesmo e como já será um astronauta você terá muito dinheiro para poder comprar quantos dentes quiser – fala a fada dos dentes se aproximando revelando assim toda sua forma belíssima de se ver.
- Mas só daqui a dez anos né? – pergunta Pedro.
- Claro, dou minha palavra, mas tem uma coisa – a fada toca na mão do garoto de forma suave – você não poderá contar a ninguém.
- E se meus pais perguntarem o que vou dizer? – pergunta Pedro.
- Diga que foi o menino Jesus – responde a fada dos dentes.
Pedro olha para a fada sua cabeça diz que tem algo de errado, mas seu coração inocente de criança deseja tanto aquela bicicleta que se deixa seduzir e concorda com a fada selando seu compromisso com um beijo na testa da fada dos dentes.
- Agora durma – continua a fada – amanhã você terá sua bicicleta.
- Do jeito que eu quero? – pergunta Pedro se arrumando na cama.
- Será a bicicleta dos seus sonhos, mas daqui a dez anos não faça nenhuma viagem espacial antes de me dar seus dentes – fala a fada com um lindo sorriso.
- Não se preocupe nunca deixei de cumprir uma promessa – diz Pedro se cobrindo e fechado os olhos num sono mágico.
- Eu conto com isso Pedro, conto com isso – diz a fada dos dentes e desaparece como que por encanto.
O dia amanhece e logo que acorda o garoto corre para a sala e a bicicleta está lá como prometido.
- Mãe! Mãe! - grita o menino desesperado para que seus pais venham ver a maravilhosa surpresa.
Seus pais ainda meios tontos de sono e com trajes de dormir chegam na sala e se deparam com uma visão que para eles parecia uma miragem.
- Quem colocou isso ai garoto?! – pergunta o pai de Pedro.
- Foi o menino Jesus pai! Foi o menino Jesus! – grita Pedro já montando em sua bicicleta.
- Mais, mais... Isso é impossível! – fala o pai incrédulo.
A mãe de Pedro se ajoelha começa a chorar e a rezar – só pode ser um milagre! – fala a mãe do garoto com lágrimas nos olhos
- Tem algo de errado aqui – fala o pai de Pedro.
- Não tem nada de errado pai, foi o menino Jesus que ouviu minhas preces, as minhas e as da mamãe! – diz Pedro eufórico com o presente.
- Desça já daí garoto! Essa bicicleta deve ter um dono – continua o pai de Pedro puxando o garoto pelo braço o tirando de cima da bicicleta bruscamente – eu vou achar o dono dessa bicicleta. Você a roubo Pedro?
- Não pai eu juro que não!
- Você não ouviu o menino dizendo Carlos, foi Jesus que nos deu esse presente – fala a mãe de Pedro acreditando no milagre que o filho acabará de contar.
- Você só deve estar louca Sandrea, não está vendo que Deus ou Jesus, ou Buda ou o diabo iria se importar com um pedido desses – continua o pai de Pedro – o que pensa em mulher?! Porque Deus não curou seu pai quando morreu de leucêmica, ou fez crescer um novo braço no filho dos Almeidas?! O que nosso filho tem de tão especial que Jesus deu a ele uma bicicleta?!
- Eu vou ser astronauta pai! – fala Pedro chorando tentando tocar na bicicleta – Eu vou ser astronauta!
- Astronauta! – continua o pai de Pedro – olha aqui muleque chegou a hora de você crescer!
- Carlos não! – grita Sandrea.
- Olha bem nos meus olhos garoto, nada surge assim do nada, Jesus nunca te daria um presente desses e Papai Noel não existe, entendeu! Sempre fui eu quem te deu todos os presentes que você recebeu nos natais, eu Pedro! – esbraveja Carlos sacudindo o garoto pelo braço.
- Não! Não é verdade! – grita o menino em prantos – Não é verdade não é mãe?! Não é mamãe?!
Sandrea apenas olha o filho e chora sem saber o que dizer. Pedro se solta das garras do pai e vai chorando para o quarto onde fica trancado chorando aos prantos na cama, junto com suas lágrimas sua inocência é maculada.
- Precisava ter feito isso Carlos! – grita Sandrea.
Carlos apenas olha para a bicicleta, ele se desconecta por completo, não ouvi uma só palavra da esposa, na cabeça de Carlos só há lugar para uma coisa: Como aquela bicicleta foi aparecer ali.
Dez anos depois
O mês de dezembro chega mais uma vez, as lojas e o centro das cidades estão enfeitados com arranjos natalinos, em meio aos transeuntes, um jovem de semblante triste vai andando com os ombros baixos, mãos nos bolsos da calça já surrada e seu velho All Star azul, juta umas latas de coca-cola, é Pedro quem circula pela cidade fazendo hora para chegar a sua casa, hoje é dia de seu aniversário, está prestes há completar vinte anos.
Desde a discussão com seu pai há quase 10 anos atrás Pedro não é mais o mesmo, sua inocência se perdera naquele dia e seu pai hoje com 54 anos ainda se pergunta como aquela bicicleta foi parar em sua casa, Pedro nunca andou na bicicleta, então perdeu o interesse em tentar aprender a andar em qualquer bicicleta.
- É hora de ir pra casa enfrentar mais um dia com meu pai – pensa Pedro – eu poderia dormir na rua hoje, mas é muito arriscado e não quero ir para casa de nenhum amigo, não to com saco para ouvir aquela estúpida canção “Parabéns pra você”.
E assim Pedro segue para casa olhando as pessoas esbarrando umas nas outras com suas sacolas de presente, homens vestidos de papais Noeis, anões vestidos de duendes.
Pedro chega em casa, na há nenhum enfeite de natal, seu pai na mesma velha poltrona de sempre, hoje mais desgastada pelo tempo, só que agora Carlos está mais ranzinza do que nunca, sempre fica assim perto de Pedro fazer aniversariar, pois nunca saiu de sua cabeça a maldita chegada inesperada de sua bicicleta. Por um tempo Carlos achou que sua esposa o estava traindo e foi dessa forma que aquela bicicleta foi parar naquele dia na sala de sua casa, depois do acontecido à vida da família de Pedro não era mais a mesma, seu pai continuava desempregado e sua mãe teve progresso na vida profissional, conseguiu com muito esforço fazer um curso de técnica em enfermagem e hoje estava trabalhando em três empregos para manter a casa e custear os estudos do filho, o pai de Pedro no entanto só fazia bicos e passou a beber.
- Boa noite pai – diz Pedro e não ouvi nenhuma resposta de Carlos.
Carlos já estava bêbado como já era de costume, só que no dia do aniversário de Pedro ele sempre bebia um pouco a mais.
- E então muleque o que vai pedir dessa vez?! – continuou seu pai sarcasticamente – seria bom uma prostituta para tirar sua virgindade!
Pedro não da ouvidos e apenas o dar boa noite e segue para seu quarto, sua mãe estava de plantão, porém não esquecera do filho, deixou na gaveta de sua cômoda um presente, um canivete suíço, preto, e o melhor totalmente original.
Pedro quando abri a gaveta de sua cômoda deu um sorriso e pensou com sigo mesmo – ela nunca esquece, eu amo aquela mulher – desembrulhou com todo cuidado para danificar o mínimo possível o papel de presente, abriu a caixa toda feita com detalhes rupestres e quando viu o canivete adorou o presente. Só saiu do quarto uma única vez para fazer um lanche e tomar banho, mas antes se certificou que o pai já estava dormindo na velha poltrona.
Pedro se prepara e vai dormir com o canivete ao seu lado, como se fosse um urso de pelúcia dado por sua mãe a um garotinho. As 03:30 da madrugada uma luz a muito esquecida começa a se forma em seu quarto, mas com o mesmo azul embriagador de sempre.
- Pedro, Pedro – fala a voz chamando pelo rapaz que dorme profundamente - É hora de acertarmos contas Pedro, você tem uma divida comigo.
Pedro acorda meio tonto – Quem está ai? – pergunta abrindo os olhos.
- Já esqueceu de mim Pedro? – continua a voz – mas eu sempre pensei em você por todos esses anos e hoje é o grande dia.
Pedro desperta de vez e lembra do acordo que vez há dez anos atrás.
- É você fada dos dentes? – pergunta Pedro com a voz um pouco tremula.
- Quem bom que lembrou de mim, pois nunca esqueci de você – continua a fada dos dentes se revelando para Pedro com a mesma beleza de antes.
- Você continua linda e acho que hoje está ainda mais linda do que quando a conheci – continua Pedro – acho que meus olhos te veem mais linda hoje do que antes.
- Seus olhos são lindos, Pedro no entanto não são eles que quero – diz a fada se aproximando da cama.
Pedro se senta na cama e esconde o canivete que sua mãe deu de presente embaixo do travesseiro.
- Mas eu não virei astronauta ainda, você não poderia esperar um pouco mais? – pergunta Pedro tentando ganhar tempo.
A fada dos dentes ri – Vejo que cresceu, ficou lindo e engraçado, porém sinto muito fizemos um acordo além do mais se você se tornar astronauta quem me garante que, em uma de suas viagens especiais você não volte nunca mais e eu perca suas jóias – fala se aproximando da cama e tocando o pé de Pedro com uma mão tão fria quando a de um defunto, fazendo Pedro se arrepiar todo.
- Você não poderia me dar mais um tempo – continua Pedro tentando convencer a fada lhe dar mais tempo ou quem sabe desistir de seus dentes – eu não tenho dinheiro para comprar dentes novos e dessa forma como vou conseguir arrumar uma namorada?
- Sinto muito, mas temos um acordo e preciso dos seus dentes para continuar visitando mais pessoas – a fada se aproxima ainda mais e toca a coxa de Pedro.
Pedro a olha bem nos olhos como se estivesse hipnotizado, a fada se aproxima mais e de súbito Pedro reage, pega o canivete o arma e passa no rosto da fada num golpe certeiro. Com o golpe a fada se afasta e da um grito fino de dor que logo se transforma em gargalhada.
- Você acha que essa faquinha pode me ferir?! – diz a fada com um ar de deboche – Você é mesmo um imbecil! Me dê logo esses dentes moleque, pois estou morrendo de fome – fala a fada que se transforma num ser asqueroso, suas asas que antes se pereciam asas de borboleta se transformam em asas de morcego e seu rosto antes belo como um entardecer na praia fica desfigurado, seus dentes se transforma em prezas disformes, suas mãos ressecadas e enrugadas agarram as pernas de Pedro para tentar imobilizá-lo.
- Socorro! Pai! – grita Pedro desesperado.
Carlos acorda meio desorientado, escutando bem distante o chamado desesperado de seu filho.
- Pai! Pai! Socorro – Continua Pedro com a perna sangrando, as unhas da fada dos dentes o machucam com violência.
Carlos se levanta de uma vez só meio tonto – Muleque! – continua Carlos coçando a cabeça e assanhando seus cabelos.
Os gritos continuam e então Carlos desperta por completo – Pedro!? – diz Carlos e corre para o quarto do filho, o corredor parece mais longo do que antes, os gritos ficam mais altos e Carlos se desespera.
Aporta do quarto está fechada, Carlos arromba a porta com um chute, nem mesmo o velho Carlos imaginava ter tamanha força e para sua surpresa seu filho está todo ensanguentado morto deitado na cama.
- Pedro! Pedro! O que aconteceu meu Deus?! – grita Carlos abraçando o corpo do filho, ele não percebe, mas não está só no quarto.
- Valeu apena esperar todo esse tempo – diz a fada dos dentes se deliciando com sua refeição “os dentes de Pedro”, todos os dentes.
Carlos olha em direção ao guardaroupas do filho e para sua surpresa agachada bem distraída com sua refeição a fada nem nota Carlos a li olhar.
- Quem é você? O que é você!? – pergunta Carlos em choque.
A fada dos dentes se vira para Carlos e com um sorriso de satisfação, lambendo os dedos, se deliciando com a refeição que acabara de fazer.
Carlos olha ao redor do quarto e a única arma que consegue acha é o canivete suíço presente da mãe de Pedro.
- O que você fez sua maldita coisa?! – grita Carlos apontando o canivete para a fada que da uma gargalhada gelando a alma de Carlos.
- Agora ele é seu filho? – continha a fada – eu sou a prostituta que você queria dar de presente ao garoto, só que... – a fada olha para Carlos e volta a se transforma no ser asqueroso que aquele semblante belo esconde - ... Eu cobro antecipado e os dentes de Pedrinho eram tão lindos que não resisti, tive que come-los.
- Seu maldito demônio! Eu vou te matar – grita Carlos e parte para cima da fada, mas como a uma mosca Carlos é lançado ao chão.
- Humano idiota! - continua a fada – não sou um demônio, mas você é uma anta, anta não que é um animal inteligente apesar de sempre compararem um humano idiota feito você a um animal tão inteligente, é uma ofensa ao animal.
- Eu vou matar você, não importa o tempo, eu vou te destruir! – grita Carlos apontando o canivete para a fada que o olha tranquilamente.
- Você acabou de se incriminar estúpido – continua a fada – eu usei esse canivete para arrancar minha refeição da boca de seu filho, e como não tenho impressões digitais, que pena; você é quem vai pagar o pato pela morte do muleque.
- Eu vou acabar com você! – grita Carlos com ódio nos olhos.
A fada olha para Carlos com um olhar de superioridade – estou lhe esperando quando quiser seu trouxa, se pelo menos ele tivesse podido aprender a andar de bicicleta. Vamos ser sinceros era linda aquela bicicleta que eu dei a ele não era?
Como que por mágica a fada some após revelar o segredo de Pedro, Carlos fica atônito, ele não podia acreditar.
- Não, não, não; não!
Passos rápidos são ouvidos na casa – Pedro? Carlos? – uma voz um pouco aflita chama pelos homens da casa.
É a mãe de Pedro, ela conseguiu uma folguinha para comemorar o aniversário do filho e vinha com um lindo bolo para o ele, mas seu coração de mãe ficou apertado o dia inteiro como que prevendo algo de ruim que iria acontecer.
Sandrea entra no quarto já esperando o pior, ao ver o corpo do filho sem vida em cima da cama todo ensangüentado larga o bolo e começa a gritar. Carlos está no canto da cama, sentado com o canivete na mão e se balançando, ele não fala coisa com coisa, apenas se balança de um lado para o outro batendo com a cabeça na parede do quarto de tal forma que já começa a sangrar.
- O que você fez Carlos!? – grita Sandrea segurando Carlos pelos ombros e o sacudindo.
- Meu menino, meu... Ele só queria andar de bicicleta Sandrea – continua Carlos desnorteado – ele era um bom menino, ele era...
- Carlos! Carlos! Olhe para mim! – continua Sandrea pegando o rosto de Carlos e levantando-o para que possa olha para ela – O que você meu; Deus!?
Carlos respira fundo e olha para Sandrea com lágrimas nos olhos – Eu o amava Sandrea, eu o amava – Carlos larga o canivete o começa a chora.
Sandrea fica sem entender, tenta se recompor, olha para o filho ali, jogado sem vida na cama e sai do quarto, Carlos se estica para tentar alcançar as pernas de Sandrea, mas não consegue.
- Alô telefonista eu quero registrar um assassinato em minha casa – continua Sandrea com uma voz hora segura, hora vacilante e os olhos marejados.
- De quem senhora? Meu filho. Meu marido o matou.
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