É a mais pura verdade: enquanto você zzzzzz, seu corpo entra em combustão e pode levá-la a um ohhhhh poderoso. O que está esperando? Vá correndo pra cama!
Dora Moraes
A idéia talvez soe como uma espécie de conto da carochinha, mas os sexólogos garantem: nós, mulheres, podemos muito bem experimentar o êxtase total durante o sono ou, no mínimo, chegar tão perto dele a ponto de acordar no meio da noite morrendo de desejo. Diferentemente dos conhecidos "sonhos molhados" dos homens, que costumam ejacular durante o sono, no nosso caso os lençóis não servem como evidência. Mas os estudos na área da sexologia não deixam dúvidas: somos capazes de ter um orgasmo igual ou até mais intenso do que aquele que experimentamos quando estamos de olhos bem abertos. Como é possível? Enquanto você dorme, seu cérebro não pára de trabalhar. Ele se ocupa de manter o coração batendo e a produção contínua dos hormônios, monitorar movimentos e reflexos de diferentes partes do corpo, entre outras tarefas vitais.
A cada 90 minutos, entramos numa fase de sono profundo que os especialistas chamam de estágio REM (rapid eye moviment, ou movimento rápido dos olhos). Esse deslocamento é a senha de que estamos mergulhadas no universo dos sonhos, quando as projeções imaginárias do inconsciente tornam-se mais vívidas, parecendo reais. Também durante o sono REM, o cérebro determina que um maior fluxo de sangue percorra os órgãos sexuais, inclusive o útero, provocando espasmos e contrações involuntárias. Além disso, o aumento da pressão sanguínea faz com que o clitóris fique intumescido, exatamente como acontece quando nos excitamos — em várias mulheres, isso tudo desencadeia o orgasmo. É comum? É perfeitamente normal ter um (ou até mais de um) orgasmo enquanto dormimos, segundo o ginecologista e sexólogo Amaury Mendes Jr., delegado carioca da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash). "Nos homens, ocorre uma ereção seguida de ejaculação.
Nas mulheres, o sinal é a lubrificação pronunciada da vagina. Se você vai dormir excitada ou depois de ter pensamentos picantes, isso fica registrado no cérebro, que se ocupa do resto." Ao pesquisar a conduta sexual masculina e feminina, o sexólogo americano Alfred Kinsey constatou que 70% das mulheres entrevistadas tinham sonhos eróticos e metade delas chegava ao orgasmo. Em contrapartida, quase 100% dos homens de sua amostra vivenciaram a situação, com quase 85% culminando em ejaculação. Curiosamente, a maior incidência de sonhos com o bônus do orgasmo entre mulheres se dá por volta dos 40 anos, revelou o estudo. Nos homens, eles ocorrem na adolescência e também entre os 20 e os 30 anos. Mas vale dizer que tal experiência é possível e até mesmo comum em qualquer época da vida, para os dois sexos.
Algumas sortudas, por exemplo, relatam esse tipo de prazer por volta dos 21 anos — e outras até mesmo a partir dos 13. A melhor parte da história é que elas tendem a chegar lá mais de uma vez. Ou seja: nada impede que o paraíso surja em nossos sonhos noites e noites seguidas. E é bom? Bárbaro, só para dizer o mínimo. Segundo os sexólogos, o orgasmo noturno é conhecido por ser particularmente intenso. Em parte, porque durante o sono nosso corpo entra em profundo estado de relaxamento. Além disso, a intensidade do prazer aumenta graças a uma espécie de "garantia de privacidade". "As censuras adquiridas ao longo da vida interferem com menos intensidade durante o sono, deixando-nos entregues ao próprio devaneio", explica a carioca Sandra Baptista, psicóloga e sexóloga do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR). Outro ponto que torna esses orgasmos tão profundos é que as fantasias criadas pelo cérebro podem incluir condutas que jamais realizaríamos acordadas: por exemplo, práticas exibicionistas, sexo grupal ou até uma transa com alguém do mesmo sexo. Em resumo, no universo onírico tudo é permitido, inclusive explorar certas possibilidades sem nos preocupar com as conseqüências. Que tal? É saudável? Pode apostar que sim. Além de produzir uma lubrificação intensa e de manter seus órgãos sexuais azeitados, o orgasmo involuntário ajuda a aliviar a tensão. "Ele pode acontecer quando desejamos muito alguém e, por alguma razão, essa pessoa não está acessível. Ou, então, quando sentimos uma grande excitação e vamos dormir com essa energia represada", diz Sandra. Bônus extra para as mulheres que dormem acompanhadas: seu homem pode adorar a idéia de ser despertado por uma namorada incendiada pelo desejo. É rápido? "Um dos aspectos característicos dos sonhos sexuais é a rapidez com que eles levam uma pessoa ao orgasmo", afirma Sandra. "Embora um homem ou uma mulher possam ser lentos para atingir o clímax acordados, durante o sono ocorre justamente o contrário." Segundo os especialistas, há casos em que se pode experimentar um orgasmo noturno antes mesmo de vivenciar esse prazer estando desperto. No que é diferente do prazer noturno dele? A ejaculação noturna é quase um reflexo.
Ela tende a ser conseqüência de não ter ocorrido a descarga regular, especialmente se o homem não recorreu à masturbação. Funciona como uma válvula de escape para aquele esperma que vem sendo produzido e permanece guardado. Orgasmos femininos, por outro lado, pedem uma fantasia caprichada mesmo durante o sono. Ou seja: sem um enredo sensual e erótico, uma mulher não conseguirá ter um orgasmo, exatamente como acontece acordada. Como chegar lá? Alguns especialistas acreditam ser possível induzir qualquer tipo de sonho antes de ir para a cama. Quer tentar? Eles sugerem a você ler alguma coisa sexy minutos antes de dormir, assistir a um filme carregado de sensualidade ou, ainda, ter pensamentos eróticos com alguém especial. A masturbação (sem necessariamente chegar lá) antes de ir para debaixo do edredom pode ser outro gatilho eficiente. E se o orgasmo não acontecer? A verdade é que você pode nem se dar conta de que alcançou o clímax, principalmente se tem sono muito pesado.
"Mas, em geral, os espasmos e os movimentos dos músculos fazem com que a pessoa desperte", afirma Sandra. Porém, caso isso nunca aconteça, não é motivo para perder o sono. Ter ou não ter um orgasmo dormindo é perfeitamente normal.
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